Um dia
produtivo, assim posso considerar. Em plena sexta-feira em casa tentando
produzir cientificamente, fico pensando se isso irá mudar a minha vida em
relação à segunda maior causa de minhas angústias: o dinheiro.
Às vezes penso
que o dinheiro é a maior motivação do homem. E da mulher. Ofereça dinheiro e o
resto fica em segundo plano. As pessoas trabalham até ficarem doentes para
conseguí-lo, ainda que depois tenham que perder o dinheiro para cuidar da
saúde. Se casam por dinheiro, e deixam de constituir família pelo mesmo motivo.
Compram a beleza e a longevidade. É mesmo uma tentação.
Após um dia
inteiro em reunião escutei minha chefe elogiar meu trabalho, o cumprimento dos
prazos, a qualidade dos meus relatórios e principalmente meu interesse. A avaliação
foi compatível com meu novo estado de espírito de completa motivação, mas me
pareceria irônico da parte dela levando em consideração que acabo de viver o
auge da dispersão no trabalho, e que há pouco tempo meu maior desejo era ir
embora.
Hoje (não sei
até quando) digo que amo meu trabalho e estou disposta a continuar lá para
enfrentar os novos desafios. Porém todo esse ânimo se dispersa quando me deparo
com as minhas reais necessidades: preciso de dinheiro. Trabalhar por amor é
maravilhoso, mas parece não fazer sentido neste mundo cheio de necessidades
imediatas.
Subir na vida
aos poucos, degrau por degrau, é o que sinto de mais concreto. Sei que dentro
de vinte ou trinta anos posso estar onde quero, mas infelizmente não posso
esperar. Me lembro de quando li sobre aquele descascador de alho que se tornou
sócio da BDO. Uma bela história, muito romântica...que não me serve. Por que o
caminho mais difícil tem de ser tão doloroso?
E se o
dinheiro me afastasse ainda mais da felicidade? Bem que eu gostaria que amar
fosse lucrativo.
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