terça-feira, 21 de maio de 2013

Para onde vão os desejos?

Sempre (até hoje) achei que seria maravilhoso encontrar um gênio da lâmpada. Ele me traria apenas o dilema de "o que pedir" em meio a tantos bilhões de desejos que pairavam em minha mente.


Em alguns momentos da minha vida parecia que este gênio de fato existia, escondido em alguma estrela ou em minha própria mente, devido àquelas coisas, que de tanto eu desejar e acreditar que aconteceriam, um belo dia aconteciam (com o mesmo cenário e trilha sonora projetados).

Em outros momentos, achei melhor me acalmar, esquecer o objeto de desejo e respirar fundo, como uma forma de atrair as coisas boas, juntamente com o que eu desejava: eu vejo a vida como uma água profunda e cheia de ondas, onde os desejos, leves, boiam em sua superfície, se afastando de mim a cada movimento brusco que eu faça em direção a eles.

Isso tudo me trouxe uma contradição absurda (um nó nas minhas idéias).

Dizem os budistas que o desejo é a raiz do sofrimento, tanto se obtido (manter o objeto do desejo) quanto não obtido (frustração). É muito fácil identificar uma pessoa em sofrimento, principalmente aquele "sofrimento enrustido", pelo consumo elevado de bens materiais, alimentos ou drogas. Neste sentido relaciono o sofrimento ao desejo desenfreado, e o consumo excessivo a um desejo frustrado (como quando a gente quer comer camarão e não tem grana, e acaba mascarando o desejo com miojo e nugget de frango - aff...exemplo pessoal). E de sofredor, todo mundo tem um pouco.

Por outro lado, será que é possível viver sem desejar? É possível alguém chegar a algum lugar sem metas ou brindes? Temos nosso lado animal que sempre procura recompensa naquilo que faz, e o faz, pensando na recompensa. Será que eu trabalharia pela simples sensação de dever cumprido ou senso de utilidade (e olha que estou quase assim!)?

Tenho uma colega que deseja se casar. Não um desejo normal, de todo ser humano, de ter companhia, ou aquele desejo que nos sugerem na infância com as histórias de contos de fadas (viver feliz para sempre, etc..), mas parece uma verdadeira ideia fixa: ela passava horas olhando fotos de festas de casamento, decorações, modelos de vestidos e lembranças, ia a desfile de noivas e tudo, quando nem sequer tinha noivo. Eu não sei se ela foi sempre assim ou essa mania começou após o fim de seu primeiro noivado. Eu fico pensando se esse desejo excessivo não chega a ser favorável à sua realização, considerando que ela está no segundo noivado e eu que "não desejei" não arrumo nem namorado (olha a inveja, dona Jessica)! - Isso me leva a uma terceira teoria: A zica. Quando muita gente sabe do que desejamos, elas "furam" nossos pneus (foi assim que "zicaram" minha viagem de férias).

Eu conheci uma forma saudável de desejo quando passei na UnB, e depois, quando passei no processo seletivo da pós. Além de estudar corretamente eu acreditava na minha aprovação como acreditamos que o sol vai nascer amanhã. Isso não me deixava agitada ou ansiosa, apenas me conduzia a fazer o que fosse preciso pra chegar lá.

Talvez eu ainda não tenha sido aprovada em um concurso público por não ter uma meta definida...e com toda a certeza do mundo, estou sem namorado por, no fundo, ter medo de amarrar a égua. Nunca curti namorar por passatempo, e como, chegando aos 25 as coisas ficam mais sérias, namoro indica casamento...e aí vem o pavor!

Ainda vou procurar ajuda pra encontrar esse equilíbrio. Esse desejo sem sofrimento. Espero não sofrer pela riqueza que ainda não veio, pela Europa que ainda não conheci, pela viagem de férias para Florianópolis que vai ficar pro futuro.

Cumprir as metas tem sido saudável..e a prática do não-desejo, também. Hoje venci a tentação de comprar uma caixa de chocolates e troquei esse desejo por uma lata de leite desnatado. Parabéns pra mim.
 

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