sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Entre pessoas e vitrines.

De vez em quando tenho a impressão de andar em um corredor solitário repleto de coisas, belezas e pessoas cercadas de vidro por todos os lados, como objetos expostos em vitrines, sem que sequer estejam a venda. E o olhar, o sorriso, o perfume que tanto desejei, permanece intocável, fingindo-se invisível, sem preço. Nunca poderei comprá-lo, e não devo roubá-lo. Mero atrativo, miragem.

E a vida segue. A sensação de observação persiste. Outros olhos e sorrisos me recebem, sem que eu possa escutar nenhuma voz. Escuto minhas músicas e prossigo na minha caminhada repleta de hologramas, nem sempre agradáveis. Me arrumo, me animo e sorrio, como se estivesse sendo observada, o que torna meu percurso mais agradável, e, no entanto, ainda vazio.

Talvez seja culpa dessa cidade, como muitos dizem. Talvez eu ande cega, olhando para vidros escuros com películas. Mas a mera observação sem companhia me soa um tanto sombria. Porém, sorrio, mais uma vez. Tentando quem sabe atrair fluxos de energia positiva que atravesse as vidraças. As figuras nem sempre me correspondem, seguindo seus rumos opostos de cabeça baixa ou olhos cansados.

Meros manequins. Uma pena... era só pra olhar, eu não sabia. E tudo permanece sem preço, sem lógica, sem palavras, sem afagos. E no fim das contas é tanto silêncio que não sei, de fato, de que lado da vitrine eu estou.

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