quinta-feira, 18 de abril de 2013

A sociedade através do Facebook: Do lado de fora da Matrix

De um jeito ou de outro, todo mundo um dia caiu nele. Alguns por adorarem se auto-afirmar na rede com milhões de fotos, check-ins e posts sem noção, outros, como era o meu caso, simplesmente manter o contato com os velhos amigos. Sem querer, ou querendo, suas vidas são registradas em "linhas do tempo", e tudo se torna de maneira até desagradável, transparente...seja sua vida ou a falta dela.

Já faz dois meses que me libertei da Matrix...como era de se esperar, eu brinquei demais, bati papo demais, fucei a vida alheia até cansar, e de repente me vi com uma "segunda vida" que eu não queria mais, a vida que eu não exibia, as fotos que eu não postava, os poucos amigos que eu mantinha por não aceitar falsidade virtual, as velhas piadas manjadas de cada dia e aqueles caras que descobriram no facebook um jeito mais fácil de arrumar periguetes e saídas rápidas com quem eu insistia em manter a educação...Era só mudarem o status pra solteiro e começava a amolação.

Falando nisso, nesse tempo descobri no face uma excelente ferramenta de analisar (ou rotular) pessoas para relacionamentos. Era bem simples: se a pessoa tinha mais de 500 amigos significava que ou ela era de fato popular ou era um "forçante que se acha e adiciona todo mundo" (haha), as periguetes poderiam ser facilmente identificadas por suas fotos de perfil, e principalmente se o álbum era composto por 80% de fotos em baladas e os 20% restantes de fotos de biquini ou self shots. Verifiquei também que a maioria delas  (inclusive as que eram minhas amigas - que eu nunca falei que acho que elas são piriguetes) costumavam postar frases românticas de desilusão amorosa, o que parecia uma verdadeira contradição.

Quanto aos homens o facebook deixava ainda mais evidente o comportamento "cachorrão" ou "retardatário", do tipo, fotos bêbados em baladas e em churrascos mostrando os músculos. E a quantidade de amigos já me dava uma idéia (até preconceituosa) de seu comportamento sexual e afetivo. Até hoje ainda me pego dizendo essas coisas: "Amiga, ele tem 800 amigos no face, sendo 80% mulheres...olha só onde você quer amarrar o seu burrinho!", ou então: "Que cara esquisito, não põe nada sobre a vida dele...deve ser casado."

Dizem que tem empresas que consultam os perfis de candidatos no facebook como parte do processo de seleção..Imagina só quanta gente não teria emprego se isso fosse verdade!

Ele coleta seus interesses, percursos e alterações de humor. Chega um momento em que parece o Facebook conhece mais você do que você mesmo! Ou talvez ele esteja redondamente errado...servindo apenas como aliado dos "preconceitos", ou do distanciamento entre as pessoas, ainda que ele tenha sido criado com a finalidade de uní-las, como era o caso dos convites que eu só recebia lá, na última hora e acabava perdendo o programa porque chegava em casa tarde demais para abrir o "face", já que eu me recusava a colocar no celular e ninguém se dava o trabalho de me ligar..(rs)

Eu já não dava atenção àquela segunda vida, que eu tentava esconder ao máximo, até mesmo dos próprios parentes e colegas de trabalho. E por um momento senti que ele exigia demais de mim, mais do que eu mesma, e resolvi terminar. A grande vantagem do mundo virtual é que cometer suicídio é sempre uma alternatva viável e reversível.

Sempre que penso em voltar me lembro do grande alívio que senti quando tirei aquele peso das minhas costas (mais ou menos o que senti quando saí do orkut). Pensei: "Agora, menina, levanta e vai viver! Esquece a vida dos outros e viva a sua sem medo de ter que esconder!" (E até hoje me lembro desse alívio com relação a outras coisas na minha vida real, das quais tive que sair).

E se o Google pode me monitorar através deste blog, dos meus e-mails e histórico da web, isso é entre eu e ele. Sou eu, livre das curtidas ou reprovações alheias.

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