segunda-feira, 1 de abril de 2013

Um adeus atrasado.

Em meio a tantas contradições da vida, há sempre aqueles fatos que mudarão para sempre as nossas atitudes, nossa forma de encarar as situações...e que deixam marcas eternas.

Não há nada que eu possa fazer agora, e isso é o que me atormenta, me incomoda...essas lembranças sempre me vêm à tona. Tudo passa diante dos meus olhos, como se quem tivesse partido dessa pra outra fosse eu. Talvez ele já nem se lembre de mim, mas eu sempre me lembrarei dele. Entre tantas histórias que vivemos, essa ao menos deve me servir de lição.

Agora ele se foi. Demorou um certo tempo pra cair a ficha...me lembrei de quando eu dizia que desejava que ele morresse, mas era mentira, bobagem, palavras ao vento. Acordei no meio da noite pensando nele, que andava esquecido...antes essas recordações me causavam apenas um certo temor ou rancor, e agora me pego refletindo sobre as bobagens com que desperdiçamos a vida.

Admito que até me causará um certo alívio caminhar por nosso percurso habitual sem a remota chance de lhe encontrar pelo caminho. Isso é a minha covardia que me trouxe até aqui sem querer encarar, acertar o que ficou errado, dizer o que tinha que ser dito. O alívio não supera a dor de nunca mais escutar sua voz, de ver seu rosto, ainda que me causasse desconforto sua expressão embriagada e suas más companhias, as que ele escolhera.

Nem sempre a morte leva alguém que amamos..ela parece pesar mais ainda quando nos leva alguém que dizíamos odiar.

Não sei se é hipocrisia da minha parte, mas agora parece que nada mais disso importa. O meu orgulho, remorso e desprezo foram enterrados com ele. E agora posso enxergar o que restou..apenas boas lembranças, a tarde daquele 12 de junho em que nos conhecemos (e que mudou pra sempre a minha idéia de Dia dos Namorados), suas brincadeiras, nossas idas e vindas, seu sorriso sem vergonha, sua beleza, o tempo em que ele era só um garoto mimado, metido a revoltado, com uma vida pela frente.

Bom ou ruim, ele foi meu primeiro homem. E será sempre inesquecível. Que pena não poder voltar no tempo e desfazer as desavenças. Tentar um acordo de paz... Que pena não poder estar naquele dia em que o interfone tocou incessantemente, atender e conversar com ele. Que pena não tê-lo perdoado em vida por todo o mal que me fez, e o principal, pedir perdão por todo o mal que lhe disse e lhe desejei.

Não sei de que adianta aprender as coisas assim. Mas Deus tem uma razão pra tudo o que faz ou permite acontecer. E conhecê-lo foi uma lição que eu deveria ter aprendido a tempo. Se ele gostava ou não de mim, isso não importa mais. E aquelas lembranças que eram só nossas, passarão a ser só minhas.


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