quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Projeto Mulherão da Porra 2018

Entre reflexões de Ano Novo e os 30 batendo na porta a vida me obriga a pensar na mulher que me tornei. Me soa estranho me auto intitular "mulher" depois de me ver como "menina" por tantos anos. É chegado o momento em que, apesar dessa cara de anjo, já não posso ser chamada de menina. Queira ou não, o casulo se abriu. A idade não me pesa, mas me liberta. Já não me dói pensar em tudo o que deixei de fazer nos últimos anos: tenho consciência de que fiz o que estava a meu alcance, e de certa forma, quis fazer. A vida não é um leito de morte, e há muito o que ser vivido em cada instante. Estou de passagem nesta longa encruzilhada: talvez eu não tenha a mesma energia a dispender, nem mesmo o mesmo brilho nos olhos. Mas meu olhar é fixo, e meus passos mais firmes. 



A mulher se atrasou, mas chegou. Um mulherão da porra. Aqui os julgamentos alheios vão sendo deixados para trás pouco a pouco, e aquelas metas de fim de ano já não são desejos etéreos, mas compromissos já vivenciados, sem chicotes, sem os olhares cortantes de avaliadores, tendo a minha felicidade em primeiro lugar. Eis os mandamentos da minha terceira década:

1 - Amar a mim mesma sobre todos os outros. Priorizar a si mesma não é egoísmo (aprenda).

2 - Comer bem e se exercitar não existem apenas pela estética, e a estética não deve se basear na colega da academia.

3 - Não me compararei com os outros. Cada um tem o seu ritmo e tudo é questão de prioridades.

4 - Buscarei o equilíbrio financeiro antes dos prazeres fúteis (o que não significa se desfazer de todo e qualquer prazer).

5 - Valorizarei minhas conquistas, ainda que já não sejam tão excitantes. Para querer mudar não é necessário odiar o que se tem.

6 - Todo conhecimento é válido: estudarei tudo o que tiver interesse e oportunidade, meu tempo livre não precisa ser de ócio absoluto. Estudar não será uma obrigação para um fim imediato, mas uma forma de enxergar oportunidades.

7 - Amor independe de rótulo e solidão não é castigo. Antes só que mal acompanhada. E posso estar acompanhada sem ter uma aliança ou pedido de casório.

8 - Admitirei meus transtornos mentais, traumas, crenças limitantes e comportamentos tóxicos e encararei de frente, um a um.

9 - Trabalharei por satisfação pessoal, não simplesmente pelo retorno material.

10 - Aprenderei a dançar na chuva, ao invés de sentar e esperar que a tempestade passe. Às vezes as circunstâncias não são tão favoráveis (por longos períodos) e a grama não é tão verde quanto a do coleguinha, e isso não significa uma pré-destinação ao fracasso.

11 - Achei necessário incluir um 11º mandamento, uma afirmação na qual tenho me esforçado no último ano: NÃO GASTAREI ENERGIA COM AQUILO QUE NÃO DEPENDE DE MIM. E dando outra interpretação, NÃO DAREI O SANGUE, NEM DERRAMAREI LÁGRIMAS POR COISAS QUE NÃO SÃO RESPONSABILIDADE MINHA.

Que apesar de todas as circunstâncias eu aprenda a ser a senhora do meu destino, tirar o mundo das costas e guardar apenas boas lições e lembranças na mochila.

Que venha 2018.


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Nada com nada

Como seria bom se faltar o trabalho fosse tão fácil quanto era matar aula nos tempos da escola! Hoje eu queria não ter de assumir responsabilidades, nem mesmo a de estar no trabalho de corpo presente. Queria poder passar a tarde olhando a chuva, por trás de uma janela onde ninguém pudesse me ver. Fazer qualquer coisa sem importância que me preenchesse. Estou de volta à concha. Preciso descansar de tanta coisa e tanta gente incômoda. Mensagens não lidas se acumulam no celular, até quando? Não sei. Talvez seja melhor ser sincera e sequer lê-las. Hoje eu não quero ter de inventar desculpas, pensar demais. Hoje. Até quando? Não sei. Não é tristeza. Não sei. Eu só queria poder descansar e confortar minha saudade, até que as respostas que tanto procuro possam surgir.

domingo, 10 de setembro de 2017

La vida seguirá


Poucas horas me separam de voltar à minha rotina normal. Da vida que me recuso a aceitar, mas que sempre acabo me acostumando. A nostalgia me consome. Lembranças tuas, daqueles dias que pareciam eternos, e que se repetiram em lugares e momentos diferentes, inesquecíveis. Tenho estado letárgica nos últimos dias e agora pareço me dar conta de onde estou. Não é tristeza. É apenas a velha vontade de estar em outro lugar. Me deito, me conformo, embora não me acostume. O amanhã virá inevitavelmente. Um consolo: a vida vai continuar onde quer que eu esteja, inclusive aqui.

terça-feira, 7 de março de 2017

Um recado da auto compaixão

Você não precisa sorrir. Pode usar o seu próprio rosto só por um instante, sem nenhuma cor. Só por hoje você não precisa voar, não tem que explodir de alegria, não precisa se apaixonar. Permita-me dizer que você não precisa ser forte, como costumava dizer, deixe o descontrole tomar conta de você por um segundo. Feche os olhos, relaxe, não enxugue as lágrimas se não quiser. Você não precisa se levantar, experimente apenas descansar. Não tema o vazio, os dias comuns, as frustrações é o desamor: nem todo dia é uma sexta feira de sol. Agradeça por poder sentir algo, ainda que seja a dor. Só por hoje se permita ser, se deixe levar, ferir, curar, passar.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Já não estou



Volto pro meu mundo de quatro paredes: meu quarto, minha rede. Acho que nunca me senti tão só, e tão infeliz. Preciso me acostumar à minha própria companhia, que por muito tempo tentei evitar com afazeres que me sufocam, demandas externas e histórias de amor.

Talvez a vida esteja tentando me ensinar a passar por esses momentos inevitáveis. Ao longo do nosso caminho perdemos pessoas queridas, nos despedimos de coisas e lugares, nos separamos, morremos. E eu, que de tão acostumada a despedidas, pareço totalmente despreparada.

Sua partida não foi nada diante do que está por vir. Isso me estremece. Não consigo ativar um botão do desapego e viver friamente sem que nada me afete: sou intensa, e isso me faz perder pedaços a cada vez que tenho que dizer adeus. Fui deixando meus pedaços a cada uma de nossas despedidas, até que não restou nada de mim. Sinto falta de mim...Não tem ninguém nesse quarto.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O fim de um começo e o começo de um fim

Empacotando lembranças que jamais serão esquecidas. Talvez um dia, por distração, eu venha a desempacotá-las. Talvez um dia aquele tango já não me cause dor. Aquelas fotos me façam sorrir. E aquele pedacinho de mundo possa me pertencer outra vez.
Me sinto naquele momento em que minha vida começa a parecer um filme do Almodóvar e eu volto a escrever sem rumo, sem pretensão.
Retiro uma mala das costas e ganho um buraco infinito. Mas são dos buracos que são feitos os destinos...Vou caminhando na trilha sozinha, e quem sabe no fim da linha eu encontre o meu.
Como é belo o fim da linha...

domingo, 11 de setembro de 2016

Ultimato


E eis que sempre chega o precioso último. Uma última noite, um último abraço de despedida, o último domingo de férias, um último instante que não se dá por vencido, deixando a expectativa de se repetir...uma, duas ou dez vezes mais até que venha a última vez.